Apesar disso, a procura cresceu somente em 2019: 124 dispositivos contraceptivos foram implantados no AP.
Considerado um dos métodos contraceptivos mais confiáveis – com eficácia acima de 99% -, o dispositivo intrauterino (DIU) de cobre é ofertado de graça pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de a busca por esse método ter crescido nos últimos meses, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) entende que a adesão no Amapá é baixa.
Entre janeiro e junho, 124 dispositivos foram implantados em mulheres via rede pública no estado. No ano todo de 2018, esse índice chegou a 208 implantações.
Esse método adotado para prevenir a gravidez indesejada é considerado de longo prazo (pois a ação dura de 3 a 10 anos, dependendo da data de esterilização do dispositivo) e reversíveis (pode ser retirado a qualquer momento para que a fertilidade volte ao normal). O DIU não provoca infertilidade.
Apesar de ter tido uma má reputação na década de 1970, o método foi aprimorado e se apresenta mais seguro. A implantação do DIU de cobre é simples, rápida – em torno de cinco minutos – e não exige anestesia.
Vantagens do DIU
O SUS oferta gratuitamente pela rede oito métodos contraceptivos: preservativo masculino; preservativo feminino; pílula combinada; anticoncepcional injetável mensal e trimestral; diafragma; anticoncepção de emergência (“pílula do dia seguinte”); minipílula; e o DIU de cobre.
Médico ginecologista há mais de 20 anos e professor do curso de medicina da Universidade Federal do Amapá (Unifap), Fábio Gato é um dos profissionais da rede pública que fazem a aplicação do DIU de cobre. Ele detalha as vantagens do dispositivo.
“Temos um ‘leque’ de opções como planejamento familiar. O DIU é um método tão seguro como o comprimido, como o injetável, como o anel vaginal. Se você usa corretamente o método, se segue a orientação do médico, controla ele anualmente, não há problema nenhum. Ele não tem o compromisso com injeção todo mês ou comprimido todo dia, dura anos e anos, e não causa transtornos”, comenta Gato.
Fábio Gato, médico ginecologista no Amapá, ressalta vantagens e segurança do DIU de cobre — Foto: Fabiana Figueiredo/G1
O médico ressalta que o DIU é uma alternativa contraceptiva principalmente para adolescentes, devido ao longo prazo de validade que ele possibilita.
“Há um trabalho educacional voltado para a adolescente, para que seja colocado o DIU na adolescente, não como controle de natalidade, é um planejamento familiar. Se colocamos um DIU numa paciente de 15 anos, ela ganha 10 anos com o DIU e vai ter o primeiro filho aos 25 anos, quando ela está mais madura, mais tranquila, sabendo o que quer”, comentou.
Conhecendo o DIU
DIU de cobre tem validade de 3 a 10 anos, dependendo da data de esterilização do item — Foto: Fabiana Figueiredo/G1
O aparelho é colocado dentro do útero e não tem dosagem hormonal. O especialista reforça que o DIU não protege contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), ou seja, os preservativos masculinos e femininos continuam como recomendação para evitar contaminações durante as relações sexuais.
“O dispositivo tem cobre, que não é um ferro, ele vai sendo liberado gradativamente e ele torna o endométrio, o local onde o ovo vai ser implantado, impróprio. O produto da fecundação passa direto, não há fecundação, não se torna um embrião. Ele não é abortivo, porque a vida é considerada quando iniciada a multiplicação celular”, certificou Gato.
É importante que a usuária saiba a data da esterilização para saber o prazo de validade do DIU implantado. E Gato reforça a segurança do método.
“No início pode vir um aumento do fluxo, uma dor, mas depois normaliza. É um dispositivo que não causa câncer, nem outra doença grave, não destrói o útero por dentro e nem é possível senti-lo durante a relação sexual, até porque o DIU encosta no colo do útero e não machuca nada”, descreveu o médico.
O Ministério da Saúde tem uma página na internet onde esclarece os mitos acerca do DIU de cobre.
Dispositivo intrauterino (DIU) é aplicado em torno de 5 a 10 minutos, sem necessidade de anestesia — Foto: TV Globo/Reprodução
Como solicitar no Amapá?
A porta de entrada é pela rede municipal de saúde. Segundo Gato, a usuária pode solicitar a implantação do DIU para profissionais em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS) ou posto de saúde, que a encaminha à rede secundária.
Em seguida, o agendamento e o procedimento são feitos no Centro de Promoção Humana Frei Daniel de Samarate – Capuchinhos, localizado na Av. FAB, entre as ruas Marcelo Cândia e Paraná, no bairro Santa Rita, na região Central de Macapá.
A unidade atua como parceira do Hospital da Mulher Mãe Luzia (HMML), a única pública referência nas especialidades de ginecologia, obstetrícia e neonatologia no Amapá. No local o serviço é ofertado desde outubro de 2017.
DIU é implantado no Centro de Promoção Humana Frei Daniel de Samarate – Capuchinhos, no Centro de Macapá — Foto: Fabiana Figueiredo/G1
A implantação é feita por um ginecologista durante atendimento ambulatorial, dura entre 5 e 10 minutos e a paciente precisa estar durante o ciclo menstrual, ter feito ultrassonografia transvaginal e o exame preventivo.
Outra maneira de colocar o DIU de cobre pode ser no pós-parto, seja normal ou cesárea, e também após o procedimento de curetagem/aborto no HMML. Em maio, as equipes passaram por capacitação para este tipo de aplicação.
Com esse método, a mulher não para de menstruar, lembra o médico ginecologista. Não podem colocar o DIU mulheres grávidas, ou que estejam com alguma infecção. Defeitos na cavidade uterina, como os miomas, também dificultam a implantação do método. Não há contra-indicação para mulheres que não teve filhos.
Caso a usuária queira reportar algum tipo de problema no sistema de implantação do DIU, o SUS oferta o Disque Saúde (ligações para o número 136), assim como é disponibilizada ouvidoria na Sesa.