Entenda por que a obesidade e o sobrepeso estão aumentando no Brasil e as consequências disso para a saúde pública.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é um dos principais problemas de saúde pública hoje no mundo. Estima-se que no ano 2025 haverá 700 milhões de obesos no mundo e cerca de 2,3 bilhões de pessoas com sobrepeso.
Esse é um número alarmante, considerando os riscos que a obesidade representa para a saúde.
E no Brasil?
Infelizmente, a situação por aqui não é muito diferente do que acontece no resto do mundo no que se refere ao crescimento do número de pessoas com sobrepeso e obesidade. Estima-se que, hoje, mais de 20 milhões de pessoas tenham obesidade no Brasil.
Para você ter uma ideia, segundo a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2017, realizada pelo Ministério da Saúde, a obesidade afeta 18,9% dos brasileiros acima dos 18 anos.
Confira na tabela abaixo os números da obesidade no Brasil, por sexo e faixa etária, segundo a pesquisa realizada pela Vigitel em 2017.
Já o sobrepeso, ou excesso de peso, impacta 54% da população brasileira, segundo a pesquisa da Vigitel:
O que é Obesidade?
Antes de tudo, é importante ter claro que a obesidade é considerada uma doença. Uma doença que ocasiona outras doenças. Por conta disso, costuma-se dizer que a obesidade é a mãe das doenças metabólicas, como o diabetes e a hipertensão. São doenças crônicas que afetam a qualidade e a expectativa de vida.
Como há uma relação direta entre obesidade e doenças metabólicas, o aumento do número de pessoas obesas resulta no aumento da incidência das doenças metabólicas como o diabetes tipo 2 e a hipertensão.
Por conta disso, segundo a Vigitel, o número de pessoas diagnosticadas com diabetes aumentou de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016.
Obesidade e Índice de Massa Corpórea (IMC)
Existem muitas dúvidas com relação à obesidade. Afinal, quando uma pessoa é considerada obesa?
Longe de ser um julgamento estético, a classificação de obesidade é feita através de uma metodologia que utiliza o Índice de Massa Corpórea (IMC) como referência.
O IMC – Índice de Massa Corpórea é a medida usada para avaliar se a relação entre o peso e a altura de uma pessoa está dentro dos limites recomendados.
Assim, uma pessoa é considerada obesa quando possui um IMC igual ou superior a 30 Kg/m².
Qual a Diferença entre Obesidade e Sobrepeso?
Outra revelação importante da pesquisa da Vigitel está relacionada ao sobrepeso. Segundo a pesquisa, mais da metade da população brasileira está acima do peso. É importante destacar que o fato de um pessoa ter sobrepeso não significa que ela tenha obesidade.
Podemos dizer que sobrepeso e obesidade são estágios diferentes do mesmo problema. Pessoas com sobrepeso estão acima do peso recomendado mas (ainda) não podem ser consideradas obesas.
Já as pessoas com obesidade possuem o Índice de Massa Corpórea (IMC) seja igual ou superior a 30 Kg/m².
Causas da Obesidade: Alimentação
Alguns fatores têm uma influência direta sobre a obesidade, como a genética, por exemplo. Esse é fator sobre o qual não podemos fazer muita coisa; afinal, ele é herdado.
No entanto, a alimentação cada vez mais desempenha um papel central no aumento dos casos de obesidade. Isso se deve a mudanças que ocorreram em nosso estilo de vida, que estão alterando a forma como nos alimentamos. São mudanças relativamente recentes, que estão ocorrendo em diversas partes do mundo.
Se há alguns anos a desnutrição era uma das maiores preocupações dos países em desenvolvimento, hoje a situação se inverteu. Por incrível que pareça, o excesso do consumo de alimentos converteu-se em um sério problema de saúde. Pela primeira vez na história, a industrialização e o preço das commodities possibilitaram o acesso a alimentos para uma parcela maior da população em diversas partes do mundo.
Ainda que parcial (pois a fome ainda é uma realidade em inúmeras regiões), essa é uma grande vitória sobre um problema que aflige a nossa espécie há milhares de anos.
Esse avanço possibilitou que milhões de pessoas em todo o mundo tivessem acesso a um prato de comida. No entanto, um outro problema surgiu, e não como resultado da escassez, mas sim devido ao excesso.
Se antes a falta de alimento era um problema grave, o excesso do consumo de alimentos passou a ser motivo de uma série de doenças.
Por conta disso, doenças associadas à obesidade tiveram um crescimento enorme, como é o caso da hipertensão e do diabetes tipo 2.
Mas como isso pode acontecer? Apesar da queda no preço, nem todos os alimentos tiveram o seu valor reduzido. De modo geral, os alimentos que se tornaram mais acessíveis compartilham algumas características em comum, são:
- Baratos;
- Calóricos;
- Com baixo valor nutricional.
Não é difícil imaginar a que tipo de alimentos estamos nos referindo, não é mesmo?
Os alimentos financeiramente viáveis são alimentos industrializados, de baixo valor nutricional e com índices calóricos altíssimos.
Alimentos que, além de não colaborarem em nada com a saúde, engordam.
E muito!
O fato é que esse tipo de alimento vem ganhando cada vez mais espaço na mesa do brasileiro.
Se hoje existem mais obesos e pessoas com sobrepeso, esse problema se deve — em parte — à adoção de hábitos alimentares pouco saudáveis, decorrentes desse tipo de escolha.
É uma relação de causa e efeito: quanto mais gente adere a esse tipo de dieta, maior é o número de pessoas com sobrepeso e obesidade. Essa é uma mudança no estilo de vida do brasileiro cujo impacto pode ser notado nas últimas pesquisas sobre obesidade e excesso de peso, como essa realizada pela Vigitel.
Causas da Obesidade: Fast Food
Muito se fala sobre os riscos da alimentação Fast Food. Mas, quando falamos disso, estamos nos referindo a uma cultura alimentar, e não à velocidade com que o alimento é ingerido. Chamamos de “Fast Food” um tipo de alimentação que é rápida, barata, riquíssima em gorduras e açúcar, altamente calórica e com baixíssimo valor nutricional.
A substituição do clássico arroz com feijão por esse tipo de dieta vem aumentando no Brasil e esse fato está diretamente associado com o aumento da obesidade e do sobrepeso.
Causas da Obesidade: Sedentarismo
Assim como a disponibilidade de alimentos com baixo valor nutricional possibilitou que uma significativa parcela da população tivesse acesso a mais alimentos, a conectividade proporcionada pela internet trouxe o entretenimento de baixo custo para grande parte da população.
Redes sociais, séries de TV, games, e vídeos grátis estão disponíveis para qualquer pessoa que possua um aparelho celular. Assim como ocorreu com o acesso aos alimentos, vivemos uma democratização do entretenimento e do acesso à informação.
Bilhões de pessoas estão conectadas à internet e a informação nunca esteve tão acessível como nos dias de hoje. No entanto, assim como ocorreu com o aumento ao acesso de alimentos, essa mudança na cultura também trouxe consequências negativas no nosso estilo de vida, resultando em sedentarismo e falta de exercícios físicos. São novos hábitos, presentes principalmente em ambientes urbanos e que afetam tanto as crianças quanto os adultos, aumentando o risco das doenças relacionadas à obesidade.
Conclusão
A obesidade é uma doença que pode ser motivo de diversas doenças metabólicas, como a hipertensão e o diabetes tipo 2.
Alterações na dieta, decorrentes de novos hábitos culturais, assim como o sedentarismo, são fatores determinantes no aumento dos índices de obesidade e sobrepeso no Brasil.
Vida Nova