Conexão Amazônia

Casca do Ipê é o primeiro remédio vegetal contra picada de cobra

Na ‘farmácia do mato’ do Pantanal, plantas são remédios naturais. 
O que o Ipê usa para se proteger, também pode ajudar a curar pessoas.

Um grande desafio dos cientistas é encontrar nas plantas os compostos químicos que podem ser usados na fabricação de remédios e cosméticos. Na base da UFMS, um grupo de biólogos e farmacêuticos trabalha assim: caçando tesouros naturais.

No Pantanal já foram descritas mais de 2 mil plantas. A estimativa é que esse número seja muito maior, pelo menos 8 mil. A região é um imenso laboratório a céu aberto, a ser estudado.

A equipe do Globo Repórter encontra um pomar nativo no meio do mato. Os frutos caem maduros na época do calor, antes da cheia. A cor alaranjada é o betacaroteno, um protetor de células.

Na semente e na polpa da canjiqueira tem o piceatannol. Esse composto inibe o acúmulo de gordura nas células e é um anti-inflamatório.

“No carocinho é onde mais tem esse composto, que também serve pra fazer sorvetes, geleia, um monte de coisas”, explica o doutor em Ciências Farmacêuticas da UFMS, Carlos Alexandre Carollo.

A farmácia da Dona Maria está a poucos passos de casa. A pantaneira de nascimento conhece bem o potencial de cura das plantas. Intuitivamente, Dona Maria encontra a dose e o jeito certos de preparar o remédio.

O Ipê é um mestre na sobrevivência, e a espécie ‘Paratudo’ só nasce no Cerrado e no Pantanal. Os pesquisadores descobriram no tronco da árvore uma substância que é um santo remédio pra tratar picada de cobra. O que o Ipê usa para se proteger, também pode curar as pessoas.

O remédio feito com o ‘Paratudo’ é o primeiro a base de plantas para tratar as sequelas de picadas de cobra, mas não substitui o soro antiofídico. No laboratório de bioquímica da Universidade Federal de Mato Grosso, os resultados confirmam as teses do conhecimento popular. Na biodiversidade pode estar a cura para muitas doenças.

No maior refúgio de vida silvestre das américas, cada espécie tem a sua preferência. Os campos mais secos são endereço de tamanduá. Ao amanhecer, os pesquisadores saem em busca do maior de todos eles: o bandeira. O gigante solitário só existe na América Latina. Diferente de tudo.

Existem quatro espécies do animal no mundo, três são encontradas no Brasil. Os estudos indicaram que os mais antigos surgiram no Cerrado e depois se espalharam por outras regiões do país. Mas com a perda de habitat, os tamanduás bandeira já desapareceram do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Esse bicho sofre por causa de crendices populares. A fama de azarado quase levou o tamanduá à extinção. Luis Fabiano mudou o jeito de pensar, depois de virar assistente de campo dos pesquisadores. Outro perigo são os atropelamentos que acabam acontecendo nas rodovias no Pantanal e no Cerrado.

FACEBOOKTWITTER

Carregando...