Moradora de Petrópolis, que preferiu não se identificar, conta como era a rotina em casa e o medo que tinha da separação. Cidade ganhou espaço para atendimento às mulheres vítimas de violência nesta terça-feira (26).
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) apontam que 959 mulheres foram ameaçadas e 903 sofreram lesão corporal em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, em 2017. Outras 118 foram estupradas, seis foram alvos de tentativa de feminicídio e uma foi morta por ser mulher, segundo o levantamento.
Nos depoimentos, elas revelam os detalhes do que sofrem em casa, como uma mulher que mora na cidade e disse em entrevista à Inter TV que “tinha que aguentar aquela situação”, se referindo às agressões físicas e psicológicas que sofria do ex-marido.
“Eu não via que estava sendo agredida, até porque dez anos atrás não tinha a repercussão que tem hoje. Você não tem pra onde ir, você vai passar fome com seu filho, você não tem onde morar… Então eu tinha que aguentar aquela situação. Até começarem as agressões realmente físicas e foi bem difícil”, contou a vítima, que preferiu não se identificar.
De acordo com ela, o trauma da violência existe até hoje e, por este motivo, não consegue mais se relacionar com outros homens.
“A verdade é essa. Se naquela época talvez eu tivesse tido todo um amparo psicológico para entender até o que estava acontecendo comigo, hoje eu não seria da forma que sou”, disse.
Projeto Violeta
Espaço onde funciona o Projeto Violeta, para atender vítimas de violência doméstica, funciona em Itaipava. — Foto: Reprodução / Inter TV
A partir desta terça-feira (26), Petrópolis passou a contar com um espaço para atender as mulheres vítimas de violência na cidade. Ele fica no Fórum de Itaipava e tem salas com psicólogos, assistentes sociais e defensores públicos.
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), a cidade é a segunda do interior do Rio a receber o projeto, que tem como objetivo acelerar o acesso das mulheres à Justiça e garantir a segurança da vítima.
De acordo com a desembargadora do TJRJ, Suely Magalhães, após ser vítima de violência doméstica, a mulher deverá procurar a delegacia que vai encaminhá-la para o Projeto Violeta.
“Neste espaço, ela será especialmente atendida, porque aqui ela vai ter uma equipe técnica”, informou Suely, acrescentando que o processo vai acelerar toda a atuação do judiciário nesses casos de violência.
Até então, as vítimas de agressões na cidade eram encaminhadas diretamente para o Centro de Referência e Atendimento à Mulher (Cram) da Prefeitura. O órgão também oferece atendimento com profissionais das áreas de psicologia, direito e assistência social.
G1