Sempre vejo a mídia virtual como uma faca de dois gumes. É através dela que muitas pessoas sobrevivem trabalhando e estudando. Mas, há o lado ruim e macabro também. Onde existem pessoas que disseminam “Fake News”, e só a utilizam para algo que não seja idôneo. Os jornais se preocupam apenas em buscar ibope para suas notícias, e assim fomentar acessos e mais acessos aos seus conteúdos. Um dos elementos mais importantes da nossa cultura é a mídia. Através dela nos enxergamos e somos enxergados pelo os outros, sendo um elemento importante na construção de nossas identidades. Os jornais são feitos de narrativas sobre a vida real que podem mudar drasticamente como um fato é percebido.
Quando ocorreu o massacre em Suzano, o jornalismo teve o poder de tornar épica a trajetória de um assassino, no caso de Suzano, dos assassinos. É claro que nem sempre isso é feito de maneira consciente, eu imagino que poucas vezes seja. Porém, o fascínio inconsciente também serve de combustível às insanidades. Vimos de forma real que os perfis dos assassinos foram acessados e vários jovens apoiaram as atitudes deles. Isso começa a gerar uma grande preocupação aos pais e gera o questionamento: “O que o jovem de hoje busca?” O que o torna tão vulnerável mentalmente e o transforma em um assassino perigoso? Será que toda essa exposição virtual, esse acumulo de informações não está deixando os nossos jovens doentes? E quando digo doentes, eu quero dizer que estão confundindo a realidade em que vivem, por uma realidade apenas da sua cabeça. O tema é complexo e, é nítido que a fragilidade dos nossos jovens, os tornam presas fáceis. Marionetes de outros mais doentes emocionalmente que eles… enfim…
Os comunicadores podem escolher o ponto de vista do assassino e torná-lo personagem principal de suas narrativas. Descrevem suas rotas, falam dos planos em detalhes, narram cada procedimento como se fossem eles a inteligência a ser exaltada. Eu, aqui, escolho, por um momento, outro caminho… o caminho da reflexão. Nesse trágico massacre, de Suzano, eu vejo um personagem que foi real e humano nas suas atitudes. Estou falando de Silmara Cristina, a merendeira. Ela domina os utensílios da cozinha e sabe como fazer o lanche dos estudantes. Essas são suas habilidades mais usadas no dia a dia; cozinhar e servir. Ninguém notou que nessas duas atividades estava o seu treinamento diferencial e humano. Silmara, a grande heroína… Quando começou o tiroteio na escola, nossa heroína abriu a cozinha e colocou o maior número de crianças possível lá dentro. Falou para elas se deitarem no chão e com a ajuda dos colegas fez uma barricada na porta que impediu os atiradores de entrarem.
Observando aquele frágil momento a gente não percebe e nem espera que alguém que vive preparando a comida, também seja uma guerreira que impede mortes sem trocar tiros. Silmara é a personagem surpresa desse triste incidente. É a heroína, que eu tenho lembrança, que além de salvar a vida das pessoas, faz um lanche gostoso para elas… Mas o que moveu a Silmara a ser essa heroína? Já pararam pra pensar nisso? Eu já creio que o que a moveu a proteger outras pessoas e crianças foi sua humanidade, que ainda não foi destruída pelos ataques virtuais… Nessa simples meditação, que hoje me fez escrever, dias após o ocorrido, eu foquei na humanidade da Silmara, a heroína do massacre de Suzano, que teve a agilidade, a inteligência, e o espírito protetor que naquele momento foi exigido.
Silmara, você foi um instrumento usado por Deus. Que todos possam ser gratos por suas atitudes, e que comecem a refletir mais sobre o que fazer com o seu mundo virtual… Você será sempre uma heroína para quem pode enxergar mais além do que as notícias publicadas. A você o nosso muito obrigado!!!!
By: Rô Carvalho/ Redatora Conexão Amazônia