Duas substâncias muito presentes em medicamentos analgésicos foram associadas ao aumento no risco de parada cardíaca, como informa um estudo da Sociedade Europeia de Cardiologia, feito junto com 14 universidades e hospitais, e publicado no British Medical Journal. Os elementos em questão são o ibuprofeno e o diclofenaco.
O estudo, realizado na Dinamarca, investigou a ligação entre o uso dessas substâncias, chamadas de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), e o risco de parada cardíaca. Os pesquisadores analisaram dados de pacientes que sofreram parada cardíaca fora do hospital, entre os anos de 2001 e 2010, a partir de dados com registros do país.
Para as análises, foi utilizado um modelo de controle de relação caso-tempo, para examinar a associação entre o uso das substâncias e a parada cardíaca. Cada paciente serviu como caso e controle em dois períodos de tempo diferentes, eliminando as chances de comorbidades. O uso de AINEs durante 30 dias antes de uma parada cardíaca (período do caso) foi comparado ao uso de AINEs durante um período de 30 dias, sem parada cardíaca registrada depois (período de controle).
Entre os resultados, os pesquisadores apontam que 28.947 pacientes tiveram uma parada cardíaca fora do ambiente hospitalar na Dinamarca durante o período de dez anos. Destes, 3.376 foram tratados com AINEs até 30 dias antes do evento. O ibuprofeno e o diclofenaco foram os anti-inflamatórios mais utilizados, constituindo 51% e 22% do uso total de AINEs, respectivamente.
As conclusões das análises dos pesquisadores apontam que o uso de diclofenaco e o ibuprofeno foram associados a um risco aumentado de parada cardíaca em 50% e 31%, respectivamente. Naproxen, celecoxib e rofecoxib não foram associados à ocorrência de parada cardíaca.