Hoje me deparei com uma matéria sobre uma mãe que maltratava e deixava que outras pessoas abusassem de sua filha de 7 anos. Ao ler, minha primeira reação foi de raiva, assim como a da maioria das pessoas. Dá um nó na garganta, uma vontade de vomitar, de esganar uma pessoa dessas.
Mas ao final da matéria eu estava compadecida dessa mãe, pensando nos motivos que a levaram a permitir e a cometer tamanha atrocidade.
Ela diz que tem nojo da filha, que permitia o estupro para fazê-la sofrer, uma pobre criatura indefesa de 7 anos. Ela é mãe de mais 8 filhos. Ela é usuária de drogas. Moradora da comunidade. Alguns podem dizer que ela é uma desgraçada, vagabunda, imoral, mas esse é o velho pensamento raso e preconceituoso de sempre.
Essa mulher teve motivos para cometer toda essa maldade, não que justifique ou amenize sua culpa, mas ela é tão vítima quanto a criança. Ela foi tão maltratada quanto a própria filha.
Maltratada por mim, por você, pelos homens e mulheres que cruzaram seu caminho, pela sociedade que agora olha pra ela com o olhar inquisidor de quem apenas pune, sem compreender a causa. E assim, mantém vivo o ciclo de ódio e vingança.
A gente não ouve, não enxerga, não quer saber de nada a não ser punir, vingar, acabar com o mal sem entender o mal. Não é assim que funciona. Não deveria ser assim.
Precisamos aprender a ouvir, a questionar, a olhar para outro com bondade e respeito e depois disso, punir de acordo com o que a lei diz, mas também resgatar, dar a chance para a pessoa resgatar-se de si mesma, reaprender a conviver, a amar, a respeitar também.
O ciclo do ódio só é quebrado com o antídoto dele, o amor. E por mais difícil que isso possa parecer, sei que não é impossível. E por isso não desisto de tentar, mesmo que meu coração, as vezes, endureça, se encha de espinhos e queira julgar. Uns minutos de reflexão, de ponderação e somos capazes de colocar tudo no lugar.