Alguns números são interessantes destacar no projeto Amazônia das Palavras, que levou literatura, de barco, a oito cidades da Amazônia brasileira. Foram navegados mais de 1.300 Km pelos rios Negro, Amazonas e Madeira.
No rio Negro teve inicio a jornada no dia 05 de novembro, na cidade de Manaus. No Rio Amazonas, a cidade contemplada foi Itacoatiara no dia 07. Durante o dia 08 o barco das palavras entrou pela foz do Rio Madeira e, subindo a forte correnteza aportou a noite na cidade de Nova Olinda do Norte, onde no outro dia as atividades foram desenvolvidas.
De lá o trajeto da navegação literária foi toda realizado pelo médio Madeira, e, mesmo apesar de subir contra a correnteza, o sucesso foi total também nas outras cidades, onde o Amazônia das Palavras esteve, como em Borba no dia 12, Novo Aripuanã dia 14, Manicoré no dia 16, Humaitá dia 19 e fechando na capital de Rondônia, a cidade de Porto Velho no dia 21 de novembro, totalizando 20 dias entre navegação e visita as cidades, com uma equipe de 36 pessoas e 05 tripulantes.
Em todas as oito cidades as atividades estiveram vinculadas a literatura, aos livros, a arte de contar histórias e, sobretudo, pelo forte viés de reforçar a importância da língua portuguesa e indígena, já que o Amazônia das Palavras “surge na perspectiva de incentivo à leitura e no sentido de fomentar a produção literária”, de acordo com a produtora cultural Fernanda Kopanakis, coordenadora do projeto.
Foram quase 100 horas de atividades desenvolvidas pelo Amazônia das Palavras: nas cinco Oficinas Literárias, com duas turmas cada pela manhã e a tarde. As oficinas foram ofertadas para atender uma variada gama de qualificação literária e com renomes da literatura e da cultura contemporânea: Jor Roberto Torero ministrou a “Oficina de Produção de Contos. A “Oficina de Contação de Histórias Indígenas” esteve a cargo do Professor José Bessa, enquanto a “Oficina Poesia: Narrativa e Escuta” coordenada pela Professora Beth Bullara.
Na “Oficina Palavra Animada” o Professor Leo Ribeiro comandou as turmas e o Professor Bira Lourenço ficou responsável pela “Oficina Sons do Cotidiano”. Os resultados das oficinas podem ser medidos em números, 1.843 certificados para alunos e professores participantes, mas também pelo que deixou de experiência, como cita o Professor José Roberto Torero, para quem “teve um resultado muito positivo, pois irá se espalhar, já que muitos professores assistiram as oficinas o que despertou neles a preocupação da escrita, da redação”.
Ao final do dia, foram plantadas 08 mudas de Pau Brasil, doadas pelo Amazônia das Palavras, em cada escola, e uma muda na Escola Indígena Raimundo Soares, na Aldeia Boca do Jauari, distante 09 horas de barco de Manicoré, quando os 10 jovens e 02 professoras que participaram das oficinas foram no barco do projeto para suas casas.
Nas atividades noturnas, com a apresentação de oito Aulas Espetáculo Memórias da Amazônia, duas foram com o Professor Daniel Munduruku – “Catando piolhos, contando histórias: minhas memórias da Amazônia” e seis com o Professor José Bessa, intituladas “Cinco ideias equivocadas sobres os índios.” Para o Professor Bessa, as Aulas Espetáculo foram fundamentais, pois “geram cultura, geram informação, geram conhecimento sobre a Amazônia.”
No encerramento das atividades em cada cidade, 08 Espetáculos de Circo levaram para os pátios e quadras das escolas, segundo a organização, cerca de 5.000 pessoas, entre alunos, professores, pais e pessoas das comunidades. Olhando na perspectiva de números, os professores juntos possuem 02 Prêmios Jabuti além de dezenas de premiações literárias e de suas áreas culturais, gerando uma enorme bagagem cultural.
Além de números, mensuráveis, o Amazônia das Palavras gerou um enorme vínculo entre equipe, tripulação, alunos, professores e cidades visitadas, e nas palavras da coordenadora Fernanda Kopanakis “a gente leva boas lembranças, novas amizades mas a certeza de que é possível a gente, através da literatura, dos contos e histórias da língua portuguesa e indígena, termos uma realidade diferenciada no Brasil como um todo.” Levamos também novas palavras, novas formas de ver a vida. Mas leva-se também algo que não cabe em números, mas em sentimentos: os brilhos nos olhos das crianças, dos jovens, dos adultos, na descoberta de novos mundos e de novas formas de olhar o velho mundo.
O Amazônia das Palavras tem o patrocínio do BNDES, Governo Federal, Ministério da Cultura, Lei Rouanet.
Apoio Cultural: Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas, Prefeitura de Itacoatiara, Prefeitura de Nova Olinda do Norte, Prefeitura de Borba, Prefeitura de Novo Aripuanã, Prefeitura de Manicoré e Prefeitura de Humaitá