A crise econômica e social provocada pelo novo coronavírus despertou ainda mais a necessidade de investirmos em inovação para não ficarmos cada vez mais para trás. Mostrou a importância de se investir constantemente em ciência, tecnologia e inovação. Com poucos investimentos nesta área, o Brasil ficou “na mão” de outras nações, que dominam tecnologias para produção de insumos, equipamentos médico-hospitalares, medicamentos e vacinas.
Por outro lado, para algumas empresas a crise virou oportunidade. O mundo teve que sair da zona de conforto e abraçar a Inovação como um kit de sobrevivência. As startups nunca voaram tão alto em solo nacional. No ano passado, surgiram 4 novos unicórnios, deixando o Brasil na lista dos 10 países do mundo com maior número de startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.
Inovação no Brasil
Segundo pesquisa da CNI, um a cada três empresários acredita que a indústria brasileira precisará dar um salto de inovação nos próximos cinco anos para garantir a sustentabilidade dos negócios em curto e longo prazos. Para 31%, o grau de inovação da indústria será alto ou muito alto nos próximos cinco anos, principalmente por necessidade.
A pesquisa também mostra que 83% das indústrias precisarão de mais inovação para crescer ou mesmo sobreviver no mundo pós-pandemia, sobretudo em sua linha de produção. E apesar das startups terem deslanchado em 2020, ainda tem muito mercado para crescer, pois 90% das indústrias grandes e médias brasileiras NUNCA trabalharam com uma startup.
Ao longo dos anos os governos não deram prioridade para políticas, investimentos e o consequente desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no Brasil. Retrato dessa realidade é que ocupamos apenas o 62º lugar no Índice Global de Inovação no ranking que abrange 131 países, posição incompatível com o fato de sermos a 9ª principal economia do mundo.
Os dez mais bem colocados do índice são: Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Finlândia, Singapura, Alemanha e Coreia do Sul. Os países da OCDE investem em média 2% do PIB em P&D. Já os países considerados mais inovadores vão bem além. A Coreia do Sul destina 4,3% do PIB, Israel – 4,2% e o Japão – 3,4%.
Países competitivos no cenário global têm indústria forte e elegeram a inovação como estratégia de desenvolvimento. É isso que o Brasil precisa! Essas nações priorizam investimentos em ciência, tecnologia e inovação e apostam fortemente em políticas com visão de futuro a fim de fortalecer a qualidade da educação e o sistema de financiamento e fomento à inovação.
Como tornar a Inovação uma realidade
“Um ponto importantíssimo para que a indústria possa investir mais é a aprovação de marcos legais que tragam segurança jurídica para atrair investidores para o Brasil”, diz Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI.
Outro fator essencial para o aumento dos investimentos é o descontingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal ferramenta de financiamento à inovação do país. Em 2020, pouco mais de 10% dos R$ 680 milhões, apenas 13% dos R$ 6,8 bilhões previstos no orçamento para essa área foram liberados pelo governo federal. O Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 135/2020, que impede a retenção de verbas destinadas ao fundo, foi aprovado pelo Congresso Nacional em dezembro, mas o principal ponto que trata do descontingenciamento dos recursos do Fundo foi vetado pelo presidente. Esperamos que o Congresso Nacional derrube o veto.
“É preciso agir com rapidez, pois diante do ambiente de crescente competição internacional, a inovação será um grande diferencial com peso, cada vez maior, para o desenvolvimento de um país. Fortalecer a indústria e priorizar a inovação serão peças-chave para o crescimento e o desenvolvimento do Brasil”, completa Gianna.
Fonte CNN Brasil