“Raiva” é o segundo livro (recém-lançado) de Bob Woodward sobre Donald Trump.
Sim, é sobre Trump, mas lá pela página 50 você percebe que, trocando alguns nomes, talvez pudesse ser sobre outro político.
Woodward começa descrevendo como Trump atraiu várias pessoas para serem seus ministros mais importantes.
Como o general James Mattis para o Deptº de Defesa, o empresário Rex Tillerson para o Deptº de Estado e o senador Dan Coats para o Deptº de Segurança.
Todos admirados por Trump. O relato mostra como, uma vez feitos ministros, Trump os tratou mal, azedou os relacionamentos até a demissão.
Do nada, rompeu com a OMC, recusou pagar a OMS, criou casos sucessivos com a União Europeia – e ninguém sabe por quê.
Woodward conta como Trump tinha uma noção infantilizada sobre estratégia e segurança.
Achava que seu relacionamento com chefes de Estado dependiam exclusivamente de sua lábia pessoal de vendedor esperto.
Vivia alardeando que se dava “incrivelmente bem” com Xi-Jin Ping, Kim Jong-Un e Tayip Recep Erdogan, como se isso bastasse.
O general Mattis logo concluiu que Trump era um despreparado e, por isso, “um perigo”.
Nas reuniões do PDB – o briefing diário de segurança apresentado ao presidente – era uma tarefa ingrata fazer Trump prestar atenção.
Um relatório era apresentado e o presidente divagava, mudava de assunto e falava de um programa de TV que vira na véspera.
Não conseguia entender a aliança com a Coréia do Sul e achava que os EUA gastavam muito dinheiro na proteção daquele país.
O livro é ótimo, porque bem pesquisado, bem apurado e bem escrito.
E é ótimo para nós, brasileiros, porque nos mostra um dado incrível: o nosso despreparado não é original.
É fake e procura copiar cada detalhe da ação política de Trump. Em minúcias.
Por CLÁUDIO MELLO – Jornalista – @claudiomello