Taxa de ocupação de leitos de UTI e número de casos confirmados serão parâmetros para determinar nível de medidas restritivas, segundo Estado. Primeira fase deve ser implementada a partir da próxima semana, após publicação no Diário Oficial.
O Governo de Rondônia anunciou nesta sexta-feira (8) o plano de ação “Todos por Rondônia” para frear a disseminação do novo coronavírus. O anúncio foi feito pelo Estado durante a tarde em entrevista coletiva. O plano deve ser publicado na próxima semana no Diário Oficial. A região tem 39 mortes e mais de 1,2 mil infectados com o vírus Sars-Cov-2,de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).
Conforme o governo, a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o avanço na confirmação de casos de Covid-19 são parâmetros para determinar o nível de medidas restritivas em cada município e que constam no plano de ação (entenda como vai funcionar abaixo).
O chamado “lockdown”, a medida mais radical imposta nos estados para que haja distanciamento social, não é mencionado no plano de ação, mas ainda não foi descartado pelo estado.
O plano de ação será dividido em quatro fases, sendo elas: distanciamento social ampliado, distanciamento social seletivo, abertura comercial seletiva e abertura comercial e prevenção contínua.
Novo Coronavírus: Plano Todos por Rondônia
1ª Fase
Distanciamento social ampliado: É a fase inicial do plano com medidas de distanciamento social. Tal etapa será implementada se a taxa de ocupação de UTI for acima de 50% e os números de casos confirmados de Covid-19 dobrarem a cada dois dias no respectivo município. Nessa fase, será determinada:
- Movimentação dos cidadãos somente para a realização de compras ou trabalho;
- Comércio aberto apenas para serviços essenciais;
- Suspensão de visitas às unidades prisionais, asilos e hospitais;
- Home office para servidores e trabalhadores em geral;
- Proibição de reuniões e aglomerações com mais de 5 pessoas.
O que abre nessa fase?
- Atacadistas;
- Autopeças e serviços de manutenção;
- Açougues;
- Clínicas de atendimento na área da saúde;
- Laboratórios de análises clínicas;
- Consultórios veterinários e pet shops;
- Distribuidoras;
- Farmácias;
- Indústrias;
- Serviços bancários;
- Obras e serviços de engenharia (atividades essenciais);
- Oficinas mecânicas, borracharias e lava-jatos;
- Postos de combustíveis;
- Restaurantes e lanchonetes apenas entregas e retiradas no local;
- Serviços funerários;
- Supermercados.
2ª Fase
Distanciamento social seletivo: Ocorre a passagem para a segunda etapa, caso a taxa de ocupação de UTI no município seja inferior a 50% e que os registros de casos confirmados estejam desacelerados nos últimos 14 dias no município.
Além das determinações previstas na primeira fase, serão inclusos o isolamento para pessoas do grupo de risco e a abertura dos estabelecimentos que não promovam aglomerações e risco de contaminação, com base em estudos.
O que abre nessa fase?
- Advocacia e cartórios;
- Comércio de produtos agropecuários;
- Concessionárias e vistorias veiculares;
- Distribuidoras e lojas de produtos naturais;
- Escritórios de contabilidade;
- Hotéis e hospedarias;
- Lavanderias;
- Livrarias, papelarias e armarinhos;
- Loja de eletrodomésticos, móveis e utensílios;
- Lojas de equipamentos de informática;
- Obras e serviços de engenharia e lojas de materiais de construção;
- Óticas e comércio de insumos na área da saúde;
- Lojas de máquinas e implementos agrícolas.
3ª Fase
Abertura comercial seletiva: Ocorre a passagem para a terceira etapa, caso a taxa de ocupação de UTI no município seja inferior a 40% e que os registros de casos confirmados estejam desacelerados nos últimos 21 dias na cidade.
Além das determinações previstas na primeira e segunda fase, será permitida a abertura de restaurantes (com consumo no local), respeitando as regras de distanciamento social e proibida a aglomeração acima de 30 pessoas.
4ª Fase
Prevenção contínua: Ocorre a passagem para a quarta etapa, caso a taxa de ocupação de UTI no município seja inferior a 20% e que não haja casos confirmados nos últimos sete dias. Na fase final, todo o comércio será aberto e o governo determina que sejam mantidos os hábitos de higiene e cuidados, além de obrigatório o uso da máscara por 120 dias após o início da fase 3, ainda com previsão de multa.
Leitos
O governo também anunciou que começou a ampliar os leitos de UTI e clínicos nesta sexta para a rede pública. Segundo o plano de ação, a meta é conseguir 207 leitos clínicos e outros 67 de UTI. Para isso, a contratação será dividida nas seguintes datas e quantidades:
Leitos clínicos
- 67 a partir de 8/5
- 35 a partir de 11/5
- 105 a partir de 26/6
Leitos de UTI
- 19 a partir de 8/5
- 12 a partir de 13/5
- 35 a partir de 18/5
O governo informou na coletiva que contratou mais um hospital particular para a internação de pacientes diagnosticados com o novo coronavírus.
O contrato de aproximadamente R$ 10 milhões com o Hospital Samar é válido por três meses. São 15 leitos de UTI e 50 clínicos na unidade de saúde privada.
A Sesau anunciou nesta semana a compra do Hospital e Maternidade Regina Laços, em Porto Velho. O local atenderá, exclusivamente, pacientes com a Covid-19. O valor do investimento é R$ 12 milhões, que serão pagos de forma parcelada. A unidade, de acordo com Fernando Máximo, servirá como um hospital de campanha.
Colapso hospitalar
O governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (sem partido), se pronunciou sobre a ascensão da curva do novo coronavírus no estado durante a coletiva.
O chefe do estado repudiou a realização de festas e encontros, além de ter reforçado que o plano é uma medida mais intensiva para combater o aumento nos casos e mortes.
“Será um distanciamento social avançado, ampliado. Não existe idade. Aqui é uma questão de gente procurando ajudar. São 39 falecidos, 39 famílias perderam seus entes queridos. A gente não quer que chegue ao ponto de escolhermos quem vive e quem morre. Nós precisamos do apoio de todos”, declarou Marcos Rocha.
O prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, disse também na coletiva que, caso tais medidas de prevenção não sejam adotadas, chegará ao ponto de implementar o “lockdown”. “Estamos caminhando para um colapso hospitalar”, opinou.